terça-feira, 7 de dezembro de 2010

carta cinco.

Emilse,

Não fará sentido,eu sei,tentar explicar o motivo,uma vez que para mim também está tudo um tanto quanto confuso.
Faz pouco mais de uma hora de nosso derradeiro encontro e parece,não posso afirmar devido o calor da hora,que definitivamente não sei deixar que os outros me amem.
Amo você é verdade.Nunca fiz questão de esconder porém,é tudo tão difícil,tão incerto,tão assustador... Você dirá e com razão "mas o amor é mesmo um terreno desconhecido e justamente por isso é motivador,fascinante.Então,por que o medo?"
Talvez seja a família,a sociedade,a religião ou tudo isso e mais um pouco.Talvez nada disso seja a razão.Tudo não passe de uma confusão interior,um descompasso entre o que quero e o que preciso ser.
Quem sabe não me enganei achando que seria assim que viveria(amaria) minha vida?
Desisto de tentar em uma carta,achar explicações para uma vida inteira.Preciso de tempo e se possível for,me perdõe pois não conseguirei mensurá-lo a você.

José Ricardo.

Um comentário:

  1. Caro José Ricardo

    Eu tenho noção da confusão que circunda a sua mente, assim como a minha, nesse momento. A diferença entre nós dois é que eu sempre gostei dessa incômoda sensação que os motivos inexplicáveis trazem.
    Há de convir que de "calores do momento" os nossos encontros são repletos e que essa barreira aparentemente intransponível que você demonstra ter é facilmente derrubada com um bom ar-condicionado da marca Carinho de Quem te Quer Bem.
    Eu sei que tu me amas. E o amor é isso mesmo, um terreno desconheido e justamente por isso é motivador, fascinante. Então por que ter medo? É como ir numa montanha-russa e sentir os momentos iniciais carregados de náusea e suor frio e depois perceber que, apesar do sim, do talvez e do não, do baixo e do alto, a sensação de quero-mais alicerça tudo isso e faz desse processo que aperta a mão do companheiro com força algo divertido e que é melhor aproveitado com serenidade.
    Já falamos sobre a família, José. Nós somos filhos do mundo e dele fazemos parte. Não há o que temer quanto a isso. Nossa religião é o nosso amor-próprio. O mais um pouco a gente recicla. O compasso musical que te falta eu resolvo com o meu geométrico e fica tudo bem, você sabe. Se te falta discernimento próprio pra saber o que ser, não seja. Simples.
    Aproveite o tempo que precisares. Se não eu, uma outra pessoa te mostrará a graciosidade dos momentos incertos e sentimentos desconexos.

    Tua, sempre tua, Emilse

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